Eu sou completamente apaixonada por “Um Dia”, é meu livro favorito do gênero a muito tempo e por isso que David está lá na minha lista de autores que eu guardo no fundo do meu coração. Quando soube do novo lançamento dele fiquei muito curiosa
mas ao mesmo tempo receosa, já li “A Resposta Certa” e me decepcionei um pouco pois esperava algo como “Um Dia” e não foi o que encontrei. 

Ficha do Livro:Escritor: David Nicholls
Páginas: 384
Editora: Intrínseca
Lançamento: 2015
Por muito tempo me perguntei se David seria capaz de fazer com que eu me apaixonasse por suas novas personagens, fico muito feliz em dizer que ele não me decepcionou nem um pouco!
Douglas é um cara bem comum, tem um relacionamento um pouco conturbado com sei filho Albie e muitas discussões com a esposa Connie, mas mesmo assim os ama incondicionalmente. Ele é completamente apaixonado pela esposa e toma um grande susto quando ela o acorda no meio da noite e diz que acha que quer se separar dele depois que Albie for para a faculdade.
[…]  Espero para observá-la envelhecer desde que nos conhecemos. Porque isso deveria me incomodar? É o rosto em si que eu amo, não este rosto aos vinte e oito, trinta e quatro ou quarenta e três. É este o rosto. – página 22
Mas é claro que Douglas não aceita essa ideia, ele é completamente apaixonado pela esposa e não sabe o que faria de sua vida sem ela. Depois dessa revelação, eles decidem continuar com os planos do “Grand Tour” uma viagem em família por toda a Europa que tem o propósito de ser a ultima viagem deles antes do filho ir pra faculdade e para Douglas trás a esperança de talvez reconquistar sua mulher e restabelecer a relação com o filho rebelde.
Durante o livro, Douglas se mostra um personagem extremamente engraçado e verdadeiro, em diversos momentos seus pensamentos nos mostram o quanto se sente deslocado e também o quanto ele ama a família que tenta desesperadamente manter unida. Ele é racional, ou tenta ser na maior parte do tempo, não entende nada de arte e gostaria muito que seu filho arrumasse o quarto e finalmente se interessasse em algo além de fotografias desfocadas nas quais Douglas não encontrava sentido algum.
A narrativa não se detém aos acontecimentos durante a viagem, Douglas também narra como foi conhecer a esposa, o namoro dos dois, as dificuldades que enfrentaram até chegarem ao casamento e ao nascimento de Albie.
Sempre me intrigou saber por que se apaixonar devia ser considerado um acontecimento extraordinário, acompanhado por um naipe de cordas em crescendo, quando aquilo tantas vezes acabava em humilhação, desespero ou atos de terrível crueldade. – página 93
Quem leu “Um Dia” sabe que David tem o dom de controlar o tempo da narrativa sem que ninguém fique perdido e ele faz isso lindamente em “Nós” também. Os capítulos intercalados nos apresentam os pensamentos de Douglas em relação a Connie e a sua própria vida.
Gostei bastante do livro, o que mais senti foi aquela verdade que amo nos personagens de Nicholls, são verdadeiros, complexos e difíceis de prever. É uma história em que o leitor se junta a Douglas ao tentar entender o que vez de errado, o que fez de certo e o que deve fazer em seguida. Não é uma viagem fácil e tranquila, são muitas ocasiões embaraçosas, discussões, desencontros e desentendimentos que fazem com que o “Grand Tour” oscile entre desastre e sucesso.

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