Eu adoro os degenerados. Eles são personagens muito mais abrangentes e surpreendentes que os bonzinhos, ou aqueles que levantam a justiça como um ideal romantizado. Degenerados pegam o que querem, fazem o que querem, transam da forma que quiserem e aí de você se decidir julgar esses personagens com uma moral cristã ou como quiser.É esse tipo de personagem que torna a narrativa de Os Selvagens de Don Winslow algo tão interessante.

Mas vamos começar do começo:
A história do livro gira em torno Ben, Chon e Ophélia. Três pessoas que gostam de aproveitar a vida de uma forma bem hedonista, e não raramente irresponsável. Ben e Chon fizeram fortuna com a venda de um item muito especial: a melhor maconha de toda a Califórnia.
selvagens-capa-livroO produto vendido por Ben e Chon é tão bom que todos querem, incluindo o cartel de Baja. Os bandidos mais perversos do México.
Quanto a Ophélia? Bem, podemos dizer que ela é uma mulher que quer tudo ao mesmo tempo e que você vai entender todos os desejos dela, pois Ophélia estranhamente pensa o mesmo que qualquer humano em um mundo tão negligente.
A narrativa de Os Selvagens romantiza a vida do crime, mas ao mesmo tempo deixa o público ciente de toda a brutalidade que existe no universo de quem vive fora da lei. A história cria sentimentos ambíguos em relação as crenças do leitor, ativa seus instintos e faz você se apaixonar por Ophélia, Ben e Chon.
Mesmo os membros dos Cartel que matam pessoas com motosserras conseguem a sua empatia. No fim da leitura sobre os bandidos de Baja, você fica com aquele texto de “fazer o que tem que fazer” na cabeça.
Acredito que o grande mérito dos degenerados de Os Selvagens é que o texto “fazer a coisa certa” ganha uma conotação perversa, pois os personagens desse livro te levam até um mundo de perguntas.
É sempre legal quando um livro te deixa em dúvida, não com certezas fáceis.
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