Para você entender como vejo o livro O Caminho Certo de Ana C. Martins, eu preciso me apresentar um pouco.
Olá! Meu nome é Cícero Sena, sou jornalista e escrevo por diversão. Estou perto dos trinta anos, sou meio rabugento e acredito que religião é algo criado para justificar genocídios. Agora que você me conhece e odeia, posso explicar o que achei do livro analisado.

O livro O Caminho Certo conta a história de Paloma, uma garota rica que gosta de sair, ficar bêbada, por aí e pegar uns boys magia. A história começa no dia do aniversário de 18 anos da protagonista, mais precisamente quando Paloma encontra o corpo da mãe que tinha acabado de cometer suicídio. Logo após a tragédia, Paloma procura o pai como apoio, mas ele simplesmente a ignora e não demonstra sentir qualquer coisa a respeito da morte da esposa.
Em meio ao trauma emocional e solidão, Paloma  acorda em uma  praia depois de ter exagerado na bebida. É aí que ela conhece Ricardo e se sente atraída por ele na hora. Não vou falar muito mais sobre o enredo para não jogar spoiler na cara de vocês.10690321_863239700391652_1895769945382163833_n
Ana C. Martins criou uma narrativa sobre o luto e a jornada dessa garota que está tentando entender quem é, o que quer da vida e como superar a tragédia que a atingiu. Para ajudar nesse caminho, Paloma ganha o apoio do diário da mãe, dos amigos e do “gato” Ricardo.
É interessante ver a importância do diário na trama, pois aparentemente Paloma não conhecia a mãe de uma forma muito profunda e o diário fornece um link entre as duas. No final acaba sendo como se a mãe de Paloma ainda estivesse lá.
Ricardo é um personagem que particularmente me incomoda, pois ele joga na minha cara a falta de conhecimento que possuo sobre mulheres. Entenda: Ricardo é uma versão soft da fantasia feminina do cafajeste regenerado. Esse arquétipo funciona com a dinâmica de um sujeito que transa com todo mundo e é um pouco misógino até que ele encontra uma mulher que o faz virar uma figura decente e honesta.
Ricardo não chega ao ponto de ser um escroto machista, mas, ainda assim, faz parte de uma fantasia de romance que não faz sentido  na minha mente batizada com testosterona e pornografia dos anos 90. Meninas, dica para a vida: se um cara fode com todo mundo enquanto está solteiro, é provável que ele mantenha esse hábito depois que começar a namorar com você.
Bem,  tenho minhas próprias fantasias estranhas,  quem sou eu para criticar?
Nesse ponto peço que se lembrem da minha breve apresentação acima. Embora eu ache interessante como a autora apresenta sexualidade dos personagens e descreve a jornada de luto de Paloma, a verdade é eu estou velho demais para a forma como livro é narrado.
Já ia esquecendo de dizer que a história é narrada em primeira pessoa alternando entre Ricardo e Paloma. Em nenhum dos dois casos eu pude sentir empatia pelos personagens, pois sou algo tão distante deles que não aconteceu a conexão. Não me levem a mal, admiro a vontade quase platônica que Ricardo e Paloma possuem de querer que suas genitálias se toquem, mas eu claramente não sou o público-alvo do livro.
Já ia esquecendo de dizer também que rola uns mistérios de gente morta no livro, indícios de assassinato e essas coisas, mas o foco não é esse.
É possível que um adulto goste desse livro? Sim. Eu não descartaria hipótese, tudo depende dos referenciais do leitor, além do mais, não é uma história ruim.
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