Bom dia gente!!
Hoje vamos falar sobre uma novidade incrível! Você já imaginou como seria a voz de uma personagem? Quando leio sempre imagino essas coisas, e no projeto #NarraçãoMagnífica você pode escutar alguns trechos de Espelho dos Olhos na voz que o autor escolheu para a protagonista! Vem conferir.
O Narração Magnífica! consiste em dar vida ao livro, trazendo interpretações exclusivas de alguns trechos das páginas. No projeto há narrativas curtas, 'dubladas' pela Alana Antonietti, a garota que deu a suave voz para Evangellyne Allins no BookTrailer da obra.
Você pode conferir o primeiro vídeo aqui:
E a transcrição da cena:
"– Corte – digo olhando para Zabeth, no reflexo do espelho.
Ela, de maneira estática, começa a cortá-lo, sem dizer uma palavra sequer. Enquanto isso, vejo meus cabelos caírem, exageradamente, escorregando sobre o chão, sem dó, manchando-os de loiro. Minhas madeixas se desfazem como algo quebrável e inútil. Meu coração fica apertado. E eu tento ser forte. Mas não consigo.
Eu nunca fui forte.
Afinal, por que eu fui escolhida para sofrer? Paro. Desisto de olhar e de julgar-me. Escolho olhar fixamente para o chão, e as lágrimas começam a escorrer de forma natural. São as últimas, eu garanto. As que caem. Elas não são físicas; são lágrimas de um coração em desespero, no qual a escuridão predominou, atordoou o ser. No qual o medo persuadiu como uma faca cortando as etapas.
Eu sou fraca.
•••
Por fim, Zabeth Erukala está calada. Ela terminou de cortar meus cabelos com o mesmo rosto nulo. Meu olhar continuou fixo, incurável, por tempos. Em seguida, ela resolveu abrir um tubo acrílico de tinta preta, levando a tintura negra de cheiro forte diretamente aos meus novos e curtos cabelos. Meu nariz jamais esquecerá o aroma ingrato da tintura. Jamais.
O tempo passou e as rigorosas pinceladas foram dadas. Por cerca de vinte minutos, ela pintou uniformemente o lado direito, com habilidade. Por cerca de quarenta, pintou o lado esquerdo. E, há cerca de uma hora, meus cabelos estão pretos como as trevas perversas. O desgosto é nítido. Foi o último passo.
Eu não sei mais o que devo sentir.
Involuntariamente, decido erguer meus olhos e olhar para o reflexo fatal. Sem pensar muito no que me estimula a ser corajosa, eu me olho. Sinto tudo se obscurecer aos poucos.
“Eu não sou mais Evangellyne Allins”. É como se eu tivesse outro. Outro olhar. Sinto-me diferente. Triste e amarga. Evangellyne sempre fora feliz, gostava de viver e de respirar o ar puro e fresco; procurar sentidos e sentimentos em cada item, demonstrando valores; apreciar as alegrias existentes que a vida proporcionara devido às revigorantes caminhadas. Ela queria evoluir. Tenho a certeza de que isso que sou no momento não é ela. Definitivamente. Mas... se essa não sou eu, quem realmente eu sou? Quem EU fui?"

Fiquem de olho no canal do Café de Autores porque ainda tem dois vídeos desse projeto para sair!

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