Oi pessoal! 

Vim como colaboradora contar sobre um dos meus livros favoritos: A garota dos pés de vidro. O livro de lançamento de Ali Shaw conta uma história bem peculiar e meio melancólica, de uma forma tranquila e reconfortante que já me fez ler esse livro de uma vez só, várias vezes.


Sobre o livro:

Autor (a): Ali Shaw
Editora: Leya
Lançamento: 2010
Páginas: 288

Ida MacLaird, em sua primeira vez em St. Hauda’s Land, encontrou-se com Henry Fuwa, um morador recluso tentando salvar a vida de um pequeno segredo: um boi com asas de borboleta que cabia na palma de sua mão. Entre goles de bebida, Henry a pergunta se ela acreditaria que existem corpos humanos inteiros de vidro nas águas do pântano da cidade. Ela não acredita. Henry dedica sua vida à esses bois, mas conhece mais mistérios da região: um animal que transforma tudo que vê em branco puro, e águas vivas que brilham coloridas quando morrem na praia da pequena ilha.

“É hora de acreditar no impossível. E, antes de mais nada, acreditar em si. Porque, se não é mais capaz de surpreender-se e maravilhar-se com os mistérios dessa vida, talvez seu coração já tenha endurecido”

Quando Ida vê seus pés se tornando vidro, decide voltar à pequena cidade e procurar Henry, enquanto se hospeda na casa de um antigo amor de sua mãe. Lá conhece Midas Crook, um jovem que cresceu à sombra do casamento fracassado e sem amor de seus pais, e por sua vez nunca aprendeu a amar nada além das lentes de sua câmera. Ida mexe profundamente em antigos fantasmas e feridas daqueles ao seu redor, ao mesmo tempo que busca e causa novas sensações com o garoto tão diferente dela.

O livro segue o olhar artístico de Midas na descrição das paisagens de St. Hauda’s Land, onde tudo parece monocromático e apático. Os mistérios ali presentes são conhecidos por pouquíssimas pessoas, e mantém sua essência em todo o livro: ninguém tem explicação para acontecimentos tão surreais. Não acho que isso seja uma falha no livro, e acredito que o autor retrata bem os diferentes jeitos humanos de lidar com problemas que não podemos entender ou controlar.

“Ela sentira uma colisão com ele e sabia que quisera isso a vida toda: trombar com alguém em tal velocidade que se fundisse nele.”

Ida não é a mocinha em apuros padrão, e apesar da recém adquirida fragilidade em seu corpo e o medo que vem com a sua condição, é uma personagem forte e que sabe o que quer. Apesar de em momentos o Midas ter me feito passar alguma raiva, ele é o personagem que mais cresce no livro, e gostei de acompanhar o abandono dos seus fantasmas pela Ida.

A história da garota dos pés de vidro se desenvolve em paralelo com flashbacks do passado dos personagens, todos entrelaçados por histórias de família, amor e traição. Apesar da narrativa principal do livro não se dar num espaço de tempo longo, gosto que podemos entender os personagens de uma forma profunda, fazendo com que cada pedaço dela tenha mais sentido. É um livro que tem um ritmo calmo, sem um grande clímax, mas que cada passo é profundo e coerente com a história e seus personagens. Pra mim, mergulhar nas histórias desta pequena cidade e acompanhar a trajetória de Ida, ao mesmo tempo entristece e acalenta da melhor maneira possível.

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