Lembra daquele filme de Sessão da Tarde, Clube dos Cinco? Agora imagine ele tendo o inferno como cenário? Pois bem, essa meio que é a história  do livro Condenada, escrito por  Chuck Palahniuk, autor de obras incríveis como Clube da Luta e Assombro.


 Sinopse: A garota Madison morre de overdose de maconha (WTF?) e vai para o inferno, lá ela conhece um nerd, uma líder de torcida, um jogador de futebol americano e um punk. No inferno essa turminha vive altas confusões com demônios que devoram ou/e esquartejam pessoas(WTF- 2).

Não, eu não tomei um “doce” para escrever essa resenha. A história é essa. Logo de início o leitor se depara com o terrível cenário do inferno. Uma cela com chão escroto e fedorento cujas barras você não deve tocar ou então suas mãos ficarão sujas por toda eternidade.

 O livro é narrado em primeira pessoa e todos os capítulos começam com o texto. “Está aí, Satã? Sou eu, Madison”, um recurso que eu achei interessante e a sustador ao mesmo tempo, afinal, quem fala com tamanha intimidade com o capiroto?

 Medson é uma personagem especial. Ela é filha de uma estrela de cinema narcisista e um homem de negócios (que negócios são esses? Quem sabe?) meio escroto. Enquanto as páginas avançam,  Madison conta sua trajetória em sua solitária, triste e drogada vida enquanto somos apresentados ao cenário do reino de satanás. Temos aquela sensação de Medison viveu demais para alguém que morreu aos 13 anos de idade.

O inferno também merece uma menção honrosa de loucura. Montes de unhas humanas, um  oceano de esperma desperdiçado (que começou a crescer terrivelmente rápido depois da popularização da internet e do Red Tube). Também devemos destacar a presença de Charles Darwin que estava no no reino do cabeça de morcego  por ter feito trabalhos para o capeta ao tentar convencer o mundo que o criacionismo era mentira.

Chupa essa ciência!

 Antes que vocês se questionem, Condenada não é um livro que confirma as teses do cristianismo, mas sim uma obra que expõe a doidera que seria caso a bíblia fosse um livro a ser lido e interpretado ao pé da letra como muita gente prega na televisão. É  uma fantasia em que Chuck Palahniuk explora as hipocrisias da humanidade e a sua habilidade em acreditar em qualquer coisa. Algo bem apropriado para o nosso tempo de pós-verdade.

Todos os debates dentro da história são apresentados com uma cota de humor doentio (odeio o termo humor negro, simplesmente não parece apropriado para mim). Não é um livro para qualquer um. É preciso um certo nível de cinismo e desesperança para apreciar a crítica de Chuck Palahniuk em Condenada, caso contrário o leitor vai encarar o humor da obra como algo deprimente demais.

 Ao todo a história de Madison é contada em 3 livros. Ainda estou na metade do segundo. Talvez um dia eu faça uma resenha dele.

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